Jogo em revista: Suíça recupera três pontos de atraso e leva a GB ao ‘universe’

A Grã-Bretanha e a Suíça chegaram ao EBUC com as suas selecções femininas totalmente renovadas, depois dos Mundiais de Ultimate de Praia de Royan, em França (2017). A suíça Sarina Schenk é a única jogadora destas duas selecções a ter disputado o Mundial que rendeu uma medalha de bronze às britânicas e um sexto lugar às helvéticas. Defrontando-se logo ao segundo jogo no EBUC2019, era difícil fazer grandes previsões sobre o que sucederia. A GB bateu as Ilhas Currier por 10-3, ao passo que a Suíça perdeu com a Dinamarca por 13-4. Por isso, poderia ver-se a primeira como favorita — mas o jogo desta Terça encarregar-se-ia de mostrar que não seria assim.

Esta partida poderia ser considerada um jogo ‘a duas velocidades’. As suíças aproveitaram todas as oportunidades que tiveram para tentar breaks rápidos, conquistando metros de terreno cada vez que as adversárias perdiam a posse do disco, ao passo que as britânicas preferiam fazer o seu ‘diamante’ e jogar pelo seguro, lançando para as jogadoras desmarcadas, trocando o disco entre as suas handlers e esperando pela hora certa para atacar. O que deu origem a um jogo visualmente muito interessante.

O primeiro ponto foi longo. Ambas as equipas pareciam, a espaços, acusar a pressão, com alguns lançamentos mal calculados. Logo de início, ficou claro que a estratégia das suíças passava por dois factores: subidas pela linha a culminar em geral em hucks para a endzone. No entanto, o entendimento entre lançadora e receptora que este sistema exige demorou a aparecer, o que resultou em várias perdas do disco — uma das quais foi aproveitada por Hannah Yorwerth para abrir o marcador para as britânicas.

Um ponto que pareceu trazer o melhor jogo a ambas as equipas. As helvéticas tinham pressa em igualar, o que as adversárias tentaram impedir ao máximo. As handlers Keller e Schenk estiveram particularmente bem ao longo da partida. A primeira apanhava o disco e lançava-o para a segunda junto à linha, que lho devolvia antes de correr para a endzone. Foi daqui que as suíças conseguiram o primeiro ponto.

Os dois pontos que se seguiram também sorriram à selecção dos Alpes, que se mostrou forte defensivamente, travando as handlers contrárias com uma defesa à zona, reduzindo as linhas de passe e forçando-as a jogar pela faixa central, ao passo que as restantes jogadoras faziam uma forte marcação individual. Um teste à paciência das jogadoras mais recuadas da GB que, apesar das dificuldades iniciais em lidar com a força exercida, foi superado à base de swings e de subidas muito graduais no terreno. Mas assim que se viram a perder por 1-3, as britânicas redobraram os esforços para voltar a liderar o marcador. As adversárias começavam a acusar o esforço e as handlers de azul começaram a conseguir subir mais no terreno, sempre à base das trocas de disco — tão ambiciosas que ambas tiveram de fazer layouts para apanhar passes da colega antes de um lançamento para Yorwert ter valido o 2-3.

Depois disto, ambas as equipas fizeram mexer o marcador; a azul com excelentes passes longos de Rebecca Bullingham, a vermelha e branca com ataques rápidos muito bem conduzidos por Keller, Scheck e Diener. O resultado foi um justo 5-5.

Foi nesta fase que a Grã-Bretanha começou a controlar a partida. Com o ‘diamante’ efectuado pela sua stack, começou a ter espaço livre no ataque e as handlers começaram a ter muitas vezes linhas de passe na faixa central. A vantagem de três pontos que resultou disto obrigou a Suíça a voltar a fazer marcações individuais apertadas às handlers contrárias. Um dos pontos altos desta fase foi um magnífico roll curve backhand com que Fiona Rae assistiu Tiffany Anderson para o 6-5 logo a seguir a ter conseguido bloquear uma jogada das suíças junto à endzone britânica.

O cronómetro indicou o fim do tempo aos 7-5. A Grã-Bretanha marcou, o que deu um jogo até 9, mas a partida estava longe de estar decidida. As jogadoras de vermelho e branco não iam desistir assim tão facilmente da vitória. A sua energia pareceu duplicar, nesta fase, e Schenk fez um layout para receber um passe em clap catch já na endzone e garantir o 8-6, o que deixou as britânicas sob pressão. Isabella Barber-Lowell esteve perto de marcar, depois de um flick da capitã Ava Grossman, e as helvéticas aproveitaram para levar o disco para a outra ponta do campo e marcar. As emoções ficaram ao rubro quando a seguir veio o empate, que levou para ‘universe’ um jogo que, a espaços, tinha parecido estar decidido a favor da equipa de azul.

Mas esta tinha uma carta na manga que surpreendeu a adversária: um ataque em weave. As suíças conseguiram travar uma primeira tentativa das rivais, depois de um stall out contestado, mas Anderson não lhes permitiu ganhar muitos metros, interceptando um passe para a seguir colocar o disco nas mãos de Grossman enquanto fugiu para a endzone contrária, onde recebeu o passe que decidiu o jogo.

Grossman que, no final do jogo, nos diria: «Só três colegas nossas tinham experiência de selecção, por isso sentimos muito orgulho por estar aqui e por termos conseguido estar calmas ao longo da partida. Houve muitos momentos em que estivemos fantásticas, a nível individual, o que me deixa muito satisfeita. A ‘morte súbita’ é uma situação tão assustadora a este nível, e nós simplesmente estivemos muito bem».

Ambas as formações lutaram até ao fim, e ambas mostraram argumentos para vencer. Talvez o resultado final tivesse sido outro se as suíças tivessem regressado à marcação individual mais cedo. Seja como for, ambas as equipas estiveram à altura e seria óptimo ver um novo encontro entre elas.

Maio 8th, 2019|